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Evanivaldo Castro Silva Junior
Professor da Fatec Jales (Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, e doutor em Engenharia Elétrica (USP/EESC)

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Professores Artificiais

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Que a inteligência artificial – IA (AI em inglês Artificial Intelligence) irá “tomar” alguns postos de trabalho do mundo contemporâneo todos sabemos ser inevitável, feliz ou infelizmente uma questão de tempo, porém o tempo necessário para tais substituições é uma questão mais relativa uma vez que as diferentes ocupações possuem características igualmente distintas.

Teoricamente as profissões mais tecnológicas tendem a absorver as IA’s com maior rapidez enquanto as mais “humanas” ainda deveriam demorar um pouco mais, talvez até se isentarem de tal possibilidade. Talvez!

Recentemente foi publicado um estudo de caso (Case Study: AI at Unbound Academy – AIX | AI Expert Network), no qual uma escola virtual, a Unbound Academy no estado do Arizona, E.U.A, foi idealizada para ser impulsionada por IA. A proposta da escola baseia-se em um “aprendizado personalizado e adaptativo sem professores tradicionais”.

Nela, a IA ajusta as lições em tempo real, monitorando o progresso dos alunos e suas “pistas emocionais” para otimizar a velocidade de aprendizado. Uma proposta, sem dúvidas, impressionante levando-se em conta todos os desafios da educação contemporânea.

O que mais chama atenção no artigo é que, segundo a escola “a Unbound afirma que seu modelo leva a um domínio 2,4 vezes mais rápido do que as salas de aula tradicionais, permitindo que os alunos recebam uma educação personalizada no seu próprio ritmo”. E completa “uma pequena equipe de ‘guias’ humanos fornece suporte quando necessário.”

A despeito da veracidade ou mesmo validade do estudo de caso em questão, vale a pena algumas reflexões sobre o tema. A começar pela menção “guias humanos” ainda necessários na proposta.

Professores e educadores que em média demoraram uma década e meia em suas formações pedagógicas assumirem o simples, para não dizer reles, posto de “guias” no processo de ensino-aprendizagem é, no mínimo, indelicado, para não dizer ultrajante.

Tivemos há pouco tempo uma experiência controversa do ensino remoto durante a pandemia do COVID-19 onde, mesmo com a papel excepcional que os docentes desempenharam virtualmente, porém de forma síncrona (ao vivo!), o balanço avaliativo dos processos educativos apontou inúmeras mazelas, como a falta de contato visual entre estudantes e docentes, isolamento social pelos jovens no âmbito escolar, falta de contato físico, entre outros.

Infelizmente, sentimos os efeitos deste distanciamento forçado até os dias de hoje, problemas apontados não somente pelos docentes e dirigentes escolares, mas pelos próprios alunos que agora são universitários.

Propor a implementação de “professores artificiais” pode ser mais que uma crueldade para com nós humanos, pode ser o fim da escola como conhecemos. As escolas que representam o centro de convivência entre as pessoas humanas, ambiente que torna possível a troca de experiências, desenvolvimento da cultura, local primordial para o fortalecimento dos laços afetivos entre as pessoas e que permite, também, viver as diferenças.

Enfim, o mais natural dos habitats da humanidade.

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