Prof. Dr. Evanivaldo Castro Silva Junior
Professor da Fatec Jales (Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, e doutor em Engenharia Elétrica (USP/EESC)

Evanivaldo Castro Silva Junior

Professor da Fatec Jales (Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, e doutor em Engenharia Elétrica (USP/EESC)

Educação como Política de Estado (Final)

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As reflexões propostas nos artigos anteriores (Parte 1 e 2) não se encerram facilmente, dando margem para discussões mais aprofundadas que certamente demandam tempo, maturidade institucional e pluralidade de ideias, elementos característicos e das democracias mais civilizadas do mundo.

O fato é que algo precisa imediatamente ser feito, e quando digo imediatamente, me refiro “pra ontem”.

Apenas como exemplo para justificar tal urgência, na semana passada foi amplamente publicada uma informação, no mínimo alarmante, de que aproximadamente 30% dos estudantes de nível médio no Brasil são analfabetos funcionais, ou seja, sabem ler um texto, mas não conseguem compreender o que leem. Em complemento, não conseguem ter um domínio básico das quatro operações aritméticas fundamentais (adição, subtração, multiplicação e divisão).

A notícia somente ratifica a realidade que professores e gestores educacionais já conhecem no dia a dia das escolas, afinal todos convivem com a criticidade da questão que envolve, não somente língua Portuguesa e matemática, mas praticamente todas as áreas do conhecimento.

Essa situação caótica em que os sistemas educacionais brasileiros se encontram expõe não somente o cenário catastrófico que está desenhado para o futuro profissional, tecnológico e empresarial que deverá assolar a economia do país, mas também acende um alerta para as consequências diretas no desenvolvimento global da sociedade brasileira em todos os aspectos, econômicos, sociais e humanísticos.

Os “mais progressistas” podem até argumentar que os jovens de hoje desenvolveram um novo sistema de comunicação através da internet/redes sociais e, portanto, conseguem, a seu modo, se comunicar. Argumentariam também que a popularização das calculadoras eliminou a necessidade de realizar operações aritméticas básicas de forma manual.

Mas o que está em discussão aqui não é exatamente “essas alternativas modernas” ao sistema tradicional de educação, mas sim o desenvolvimento da mente humana na sua plenitude. O ser humano só atingiu o status atual, devido ao domínio pleno das várias ciências utilizando essencialmente o raciocínio lógico-aritmético, a linguagem culta (e também, coloquial, poética, científica, etc.), as diversas ciências humanas, sociais, naturais e físicas.

As ferramentas tecnológicas são, e devem continuar sendo, ferramentas. São artefatos “meio” não “fim”.

O apelo que gostaria de deixar aqui registrado é que tratemos o problema da Educação Brasileira com a devida importância para o desenvolvimento do país, não simplesmente como uma obrigatoriedade legal imposta pela constituição. Que tratemos como investimento, não gasto. Que coloquemos como a principal prioridade de governo, e não somente como propaganda eleitoreira!

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