Prof. Dr. Evanivaldo Castro Silva Junior
Professor da Fatec Jales (Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, e doutor em Engenharia Elétrica (USP/EESC)

Evanivaldo Castro Silva Junior

Professor da Fatec Jales (Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, e doutor em Engenharia Elétrica (USP/EESC)

Educação como Política de Estado (Parte 1)

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Duas notícias que andaram agitando o cenário nacional da educação na semana que passou, sendo amplamente noticiadas por diversos canais respeitáveis de comunicação foram a redução significativa pela procura e, consequentemente, formação de engenheiros no país e a qualidade geral questionável dos cursos de medicina no Brasil, que apresentam demanda sempre crescente nos últimos censos.

Apesar de aparentemente ambíguas, ambas as informações são parte da mesma moeda, isto é, não são questões totalmente contraditórias, mas sim fazem parte de um contexto que remonta uma outra questão crônica, ainda mais importante no Brasil, que é a ausência de uma política de Estado para a Educação.

Para tornar mais claro o entendimento da questão levantada, tomemos como exemplo as Forças Armadas Brasileiras. O conjunto de instituições que formam as forças armadas estão a serviço do Estado Brasileiro, voltadas fundamentalmente a defesa do território nacional, preservação, manutenção e garantia da soberania nacional.

Isso garante que, independentemente do tipo de governo (esquerda, direita, centro e demais classificações), das coligações partidárias que estão no poder, ou mesmo das eventuais ideologias que poderiam nortear as decisões governamentais nas esferas legislativas, executivas ou judiciárias, as forças armadas servem ao Estado Brasileiro, garantindo a nação, os preceitos constitucionais para os quais foram criados.

A educação, em todos os níveis, desde o infantil, ensino básico e superior, além da pós-graduação, deveria seguir os mesmos princípios de modo a garantir que os preceitos do Estado Brasileiro fossem atendidos.

Isso poderia garantir que os investimentos, incentivos, subsídios e até mesmo o direcionamento das carreiras profissionais pudessem atender de forma mais otimizada as necessidades (e são muitas) de formação técnica, profissional e científica do país.

Tais políticas educacionais certamente poderiam nortear a constituição de um Estado que priorizasse as necessidades de formação profissional para o país acima dos interesses corporativos privados ou mesmos estatais das instituições de ensino, agências reguladoras e, principalmente, de Governo, as quais comandam de forma totalmente desarticulada, equivocada e míope o que chamamos de Sistema Nacional de Educação.

Sabemos que esse tipo de mudança de paradigma é muito difícil de ser executado, mas se nada for feito e, aparentemente não há esforços reais nesse sentido, o caos já em andamento na formação profissional Brasileira tende a se tornar irreversível.

Ainda dá tempo de sonhar com mudanças (sempre dá e sonhar é preciso!), mas se não materializarmos esses sonhos, continuaremos assistindo o atual pesadelo!

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