Dr. Marçal Rogério Rizzo
Economista, Administrador, Educador financeiro e Professor Universitário.

Dr. Marçal Rogério Rizzo

Economista, Administrador, Educador financeiro e Professor Universitário.

Por que a inflação persiste no mundo e no Brasil após a pandemia?

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A pandemia da Covid-19 expôs e aprofundou uma série de desafios econômicos globais. Um dos mais persistentes é a inflação, que demonstrou notável resiliência mesmo após o fim das restrições sanitárias, continuando a impactar tanto economias desenvolvidas quanto emergentes, como é o caso emblemático do Brasil.

Entre os principais motivos por trás dessa inflação duradoura, destacam-se os pacotes de estímulo econômico adotados durante a pandemia. Governos de diversos países injetaram volumes extraordinários de recursos para resguardar empregos e sustentar suas empresas, o que provocou uma reativação rápida e intensa do consumo. Contudo, a oferta permaneceu sufocada por obstáculos logísticos, paralisação de fábricas, escassez de insumos e elevação dos custos de transporte, compondo um cenário de desequilíbrio que persistiu mesmo após o retorno gradual das atividades produtivas e comerciais.

Outro elemento fundamental está nos choques nos preços das commodities, pressionados por questões geopolíticas relevantes, como a guerra na Ucrânia, responsável por desorganizar cadeias de abastecimento de energia e grãos, elementos sensíveis na formação de preços globais. Soma-se a isso a intensificação de eventos climáticos extremos — secas prolongadas, enchentes devastadoras e grandes incêndios — que vêm assolando plantações e limitando a oferta de alimentos e energia, afetando de forma globalizada todo o sistema produtivo.

No Brasil, a influência das mudanças climáticas é ainda mais severa devido à centralidade do setor agrícola para a economia nacional e para o orçamento das famílias. Isso se agrava pela desvalorização do real, encarecendo produtos importados, e pelo elevado custo dos combustíveis, cuja distribuição depende do modal rodoviário. Seca e enchentes tornam-se fatores recorrentes que prejudicam colheitas e complicam a logística interna, pressionando especialmente o preço dos alimentos, peça fundamental na cesta de consumo brasileira.

Importante frisar que, atualmente, a inflação atinge de modo disseminado os mais diversos setores: energia, combustíveis, alimentos, indústria e serviços sentem o impacto de forma abrangente. Embora os bancos centrais estejam elevando juros para refrear a demanda, o efeito dessas medidas mostra-se limitado diante dos profundos entraves estruturais e dos sucessivos choques externos.

O enfrentamento dessa inflação resiliente exige, assim, a articulação de políticas fiscais e monetárias, investimentos robustos em infraestrutura, fortalecimento das cadeias de produção e estratégias consistentes para mitigar impactos climáticos e distorções comerciais globais, visando proteger o poder de compra e assegurar uma trajetória sustentável para a estabilidade dos preços.

Marçal Rogério Rizzo (Economista, Administrador, Educador Financeiro e Professor Universitário. Criador do canal no YouTube Camaleão Financeiro).

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